quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


... E não é sem melancolia que me preparo para ver você sumir na curva do rio — você que não chegou a entrar na minha vida, que não pisou na minha barranca, mas, por um instante, deu um movimento mais alegre à corrente, mais brilho às espumas e mais doçura ao murmúrio das águas. Foi um belo momento, que resultou triste, mas passou.” 
- Rubem Braga

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013




Retrucou ela, rindo, também. – Saiba, pois, que sou muito senhora da minha vontade, mas pouco amiga de a exprimir; quero que me adivinhem e obedeçam; sou também um pouco altiva, às vezes caprichosa, e por cima de tudo isso tenho um coração exigente. Veja se é possível encontrar tanto defeito junto.


                       - Machado de Assis


terça-feira, 22 de janeiro de 2013





Despejo-me como vinho em tua taça virgem
Vinho que se guardou sem pressa alguma
De se derramar nas silhuetas de tua pele
Cada pingo um êxtase de gozo, de nascer
Eu feliz por ter-me guardado tanto tempo
E tu, minha taça, por inebriar-se de amor.

Oliveira Sousa

O que você deseja?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013





Corpo (a) traído: Pernas. coxas. braços. membros, severos em movimentos desarmoniosos, pescoço, limite de uma autoimagem, traída pelo inconsciente. cabeça, com todo o seu insustentável peso, tornou-se vazia ... pés, o mapa do corpo. suspenso no ar. mãos. inúteis. tremulas, tentando fazer o impossível? mas as cores também se angustiam e se é o corpo atraído pela unidade sem nunca ter identidade?!!








''Um dia voaria. E ninguém ousaria mais impedi-la.

Nem as asas que teimaram em não nascer.''

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Flor Garduño.




             
       Todos os sentidos á flor da pele nestes 
espetaculares olhares de Flor Garduno.





 O site da artista: 
 Flor Garduño




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013




 ''Quis ter-me apenas nos braços, não no coração.''
 E teve-me! 
 Faminta. 
 Rubra. 
 Calma.
 Teve-me!
 Leve.
 Safada.
 Santa.
 Louca.
 Rasguei-lhe a pela. 
 Rasgou-me o pudor. 
 Fiz-me trapezista, e cai na corda bamba;
 Fez-me de trampolim.
 Mergulhou-se-me fundo;
 Afoguei-me de prazer.
 Deixei que me levasse ao peito.
 Pegou-me pelos braços.
 Abriu-me as pernas.
 Dei-lhe:
 Deleite.
 Sossego.
 Gozo. 
 Deixo-me:
 Saudade.
 Vontade.
 Desejo.
 Olvidou-me 
 E eu, 
 Jamais!  



Diva!!!!!!!!!!!!!!!!




Nada, já nada mais importa
Nem mesmo aquela porta que se fechou pra mim

Nada, olho e não vejo nada
Seguindo nova estrada não chegarei ao fim

Perguntei ao coração e ele então respondeu
Toda gente tem seu bem e eu tão só, sem ter ninguém
É por isso que nada, já nada mais importa
Nem mesmo aquela porta que se fechou pra mim

Perguntei ao coração e ele então respondeu
Toda gente tem seu bem e eu tão só, sem ter ninguém
É por isso que nada, olho e não vejo nada
Seguindo nova estrada não chegarei ao fim






Enquanto me permite o destino
Eu vou sendo os personagens
Que eu criei
Mas na vida tem sempre aquele
Que me indica
A ilusão como caminho.






Texto de Isabel Câmara
Extraído do Disco Drama 3°Ato - 1973 Maria Bethânia

domingo, 13 de janeiro de 2013


‎"São Paulo, 12 de agosto de 1987

Querida mãe, querido pai,
Não sei mais conviver com as pessoas. Tenho medo de uma casa cheia de pais e mães e irmãos e sobrinhos e cunhados e cunhadas. Tenho vivido tão só durante tantos – quase 40 – anos. Devo estar acostumado.

Dormir 24 horas foi a maneira mais delicada que encontrei de não perturbar o equilíbrio de vocês – que é muito delicado. E também de não perturbar o meu próprio equilíbrio – que é tão ou mais delicado.
Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como “eu gosto de você”. Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida – como quem olha de uma janela – mas não consegue vivê-la.

Amo vocês como quem escreve para uma ficção: sem conseguir dizer nem mostrar isso. O que sobra é o áspero do gesto, a secura da palavra. Por trás disso, há muito amor. Amor louco – todas as pessoas são loucas, inclusive nós; amor encabulado – nós, da fronteira com a Argentina, somos especialmente encabulados. Mas amor de verdade. Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto.

Amo vocês, seu filho,
Caio."

(Caio Fernando de Abreu in Cartas.)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013



A vontade de escrever vem e não passa, mas ainda não tenho á coragem necessária para cuspi-las,  
deixo-nas que me saltem aos olhos não aos dedos.